Privacidade dos dados nas redes sociais

Você acha que seus dados pessoais são confidenciais porque seu perfil é privado? É necessário desconfiar do que os gigantes das mídias sociais fazem com suas informações pessoais.  

 

As bigtechs desenvolveram recursos de vigilância nas tecnologias de informação e comunicação, como por exemplo, nas redes sociais são coletadas mais do que apenas dados básicos pessoais (nome, sobrenome, idade, data de nascimento, e-mail) … elas têm acesso a recuperação em histórico de navegação, fotos, contatos, geolocalização, vídeos e muito mais. 

 

Neste artigo você vai entender melhor como as redes sociais mantem o domínio dos seus dados através da “vigilância de dados”. 

A Vigilância dos dados nas redes sociais 

A vigilância de dados, que é o monitoramento de dados, acontece através do uso de serviços online que deixam rastros digitais. 

 

Seus dados pessoais pertencem originalmente a você. A melhor prova é que hoje, alguns aplicativos oferecem a você a compra e serviços baseados nos seus hábitos de consumo, seus dados de geolocalização e entre outras informações… Tudo isso tem valor e os gigantes da Internet sabem disso. Em geral, os internautas sabem um pouco menos sobre isso e os disseminam na natureza digital todos os dias, mesmo sem perceber. 

 

O que você precisa entender é que ao criar uma conta em uma rede social ou ao instalar um aplicativo em seu telefone, você aceita uma série de regras que não sabe, pois, como a maioria das pessoas, você não tem tempo ou vontade de ler as páginas dos termos de uso. 

 

Quando uma empresa privada cria um serviço gratuito na Internet, ela precisa achar uma forma de se sustentar e essa forma geralmente é através de publicidade. Dessa maneira, seus dados pessoais, todos os dados que forem solicitados a você, assim como os dados que você fornecer espontaneamente à rede social, serão coletados e processados junto com os de milhares ou milhões de outros usuários da rede. O perfil resultante será vendido a terceiros para fins publicitários. Por isso, o site pode te oferecer, com base no perfil que fez de você, anúncios super direcionados: mais eficazes e, consequentemente, mais lucrativos para as empresas. 

 

Casos famosos de violação de privacidade nas redes sociais 

No escândalo de Cambridge Analytica, tornou-se público que a empresa utilizou um aplicativo no Facebook chamado This Is Your Digital Life que coletou dados pessoais de 87 milhões de usuários, muitos sem consentimento explícito e utilizou essas informações para construir perfis psicológicos e direcionar mensagens políticas. 

 

Outro exemplo marcante é do TikTok, que em maio de 2025 foi multado em US$ 600 milhões pela Comissão de Proteção de Dados da Irlanda por transferir dados de usuários da União Europeia para a China sem transparência ou garantias adequadas de segurança. A investigação constatou que informações sensíveis de europeus eram acessadas por funcionários na China, contrariando o GDPR (Regulamento Geral de Proteção de Dados). 

O papel da LGPD na proteção dos dados dos usuários brasileiros 

Aqui no Brasil, a lei que regula a privacidade dos dados é a LGPD, a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, define regras bem claras sobre como as empresas, incluindo as grandes tecnologias e redes sociais, devem lidar com os dados dos usuários no país. 

 

Casos como esses da Cambridge e do TikTok mostraram ao mundo o quanto a coleta indevida e o mau uso de dados pessoais podem gerar impactos reais na privacidade, na segurança e até na democracia de um país. 

 

Por isso, a LGPD estabelece que essas plataformas: 

  

  •  Informem quais dados estão sendo coletados (como nome, localização, comportamento online, etc.) e para qual finalidade esses dados serão utilizados; 

 

  •  Obtêm o consentimento do usuário antes de processar seus dados, exceto em situações específicas que a lei prevê (como obrigações legais ou interesse legítimo); 

 

  •  Assegurem ao usuário o direito de acessar, corrigir, limitar ou até excluir seus dados pessoais; 

 

  •  Implementem medidas de segurança para proteger esses dados contra vazamentos e acessos não autorizados; 

 

  •  Nomeiem um encarregado (DPO – Data Protection Officer) e mantenham um canal de contato com os titulares dos dados. 

  

Essas obrigações se aplicam tanto a empresas brasileiras quanto a estrangeiras que oferecem serviços ou coletam dados de pessoas no Brasil, ou seja, afetam diretamente gigantes como Google, X, Meta (Facebook, Instagram, Whatsapp), TikTok e entre outras. 

Como proteger sua privacidade nas redes sociais: boas práticas para os usuários 

como funciona a privacidade de dados nas redes sociais e o que a lei impoem

Diante de tantos riscos, escândalos e abusos envolvendo o uso indevido de dados pessoais, surge uma pergunta inevitável: como se proteger nas redes sociais? 

 

A resposta mais óbvia seria não usá-las. Mas, sejamos realistas, hoje em dia é praticamente impossível ficar completamente fora das redes. Seja por motivos profissionais, acadêmicos ou até familiares, quase todo mundo tem pelo menos uma conta ativa. O importante é entender como usar essas plataformas de forma mais consciente e segura. 

 

Confira abaixo algumas atitudes que ajudam a reduzir os riscos e proteger melhor sua privacidade: 

Evite compartilhar dados sensíveis ou rastreáveis
Ao postar fotos e vídeos, evite mostrar lugares onde você está naquele momento. Uma boa prática é publicar somente depois que já tiver saído do local. Isso dificulta que terceiros descubram sua rotina ou localização. 

 

Nunca compartilhe documentos pessoais
Informações como CPF, RG, número de contas bancárias ou fotos de documentos podem ser usadas em fraudes e golpes. Mesmo que a rede social pareça confiável, evite esse tipo de exposição. 

 

Divulgue o mínimo necessário no seu perfil
Muitos sites pedem dados como cidade natal, escola onde estudou ou data de nascimento. Esses dados podem parecer inofensivos, mas são úteis para quem pratica golpes de engenharia social. 

 

Mantenha suas contas privadas, sempre que possível
Se você não precisa manter um perfil público por razões profissionais, o melhor é limitar quem pode ver suas postagens e quem pode interagir com você. 

 

Use senhas fortes e únicas para cada rede social
E, se possível, utilize um gerenciador de senhas. Isso dificulta o acesso indevido às suas contas. 

 

Ative a autenticação em dois fatores (2FA)
Esse recurso adiciona uma camada extra de segurança, exigindo uma confirmação adicional ao tentar acessar sua conta de um novo dispositivo. 

 

Revise suas configurações de privacidade
Quando criamos uma conta, muitas vezes aceitamos os padrões da plataforma, que geralmente são bastante abertos. Tire um tempo para ajustar essas configurações e controlar melhor quem pode ver suas informações. 

 

Evite acessar redes sociais em Wi-Fi público ou desconhecido
Sempre que possível, use uma rede segura. Se precisar usar um Wi-Fi aberto, utilize uma VPN confiável. 

 

Fique atento a alertas de segurança
Muitas redes enviam notificações quando há tentativas de login suspeitas. Não ignore esses avisos e altere sua senha se notar algo fora do comum. 

 

Exclua contas que não usa mais
Contas inativas ainda podem conter dados e se tornar alvos de invasões. Se não utiliza mais determinada rede social, o ideal é excluir o perfil. 

 

Atualize seus aplicativos e navegadores com frequência
As atualizações geralmente incluem correções de falhas de segurança.  

 

Leia (pelo menos parte) os termos de uso
Entender quais dados a rede coleta e como pretende usá-los é um passo importante para fazer escolhas mais informadas. 

 

Cuidado com o que você publica
Uma vez na internet, uma imagem ou informação pode ser copiada, compartilhada e até manipulada. Pense duas vezes antes de publicar algo que possa expor você ou outras pessoas. 

 

Desative a geolocalização automática
Muitas plataformas registram e divulgam sua localização sem que você perceba. Desativar essa função é uma maneira simples de manter a sua privacidade. 

 

Converse com amigos e familiares sobre sua privacidade
Se você não quer aparecer em postagens alheias ou não gosta que publiquem fotos dos seus filhos, por exemplo, avise. A privacidade também depende do respeito coletivo. 

 

Saiba mais: Vazamento de dados: O que fazer se meus dados forem vazados? 

 

Conclusão 

Vivemos na era da vigilância digital. Mesmo que não tenhamos plena consciência disso, cada clique, cada curtida e cada compartilhamento deixa um rastro. Esses dados, muitas vezes fornecidos de forma aparentemente inofensiva, se transformam em verdadeiros perfis comportamentais que alimentam algoritmos, estratégias de marketing e, em casos mais graves, campanhas de manipulação social e política. 

 

Escândalos como o da Cambridge Analytica e as recentes penalizações ao TikTok mostraram ao mundo que o mau uso de dados pessoais não é uma teoria da conspiração, é uma realidade. E embora a LGPD represente um avanço importante no Brasil, garantindo mais direitos e proteção aos cidadãos, a responsabilidade final ainda recai sobre o próprio usuário. 

 

O fato é que, ao usar as redes sociais, todos nós participamos, consciente ou não, desse grande ecossistema de coleta de dados. A questão não se trata de abandonar a internet ou viver isolado, mas de adotar uma postura mais crítica, atenta e informada sobre como os nossos dados estão sendo utilizados em cada rede social, aplicativo e sites. 

 

Proteger a privacidade hoje é um exercício de consciência digital e quanto mais cedo entendermos isso, menores serão os riscos de exposição e manipulação no futuro.