Outubro Rosa: O Uso da Inteligência Artificial no combate ao câncer de mama
Outubro é o mês em que o mundo se veste de rosa, simbolizando a conscientização e a prevenção do câncer de mama. Essa iniciativa, conhecida como Outubro Rosa, teve sua origem na década de 90, nos Estados Unidos, quando o símbolo do laço rosa foi lançado durante a primeira corrida pela cura, realizada nas ruas de Nova York.
No Brasil, a primeira campanha Outubro Rosa aconteceu em 2002, na cidade de São Paulo, e desde então, essa mobilização tem se espalhado por todo o país. O câncer de mama, lamentavelmente, é a segunda neoplasia mais comum em todo o mundo, o que justifica a importância e a relevância dessa campanha.
Neste contexto, buscando esclarecer dúvidas e compartilhar informações cruciais sobre o tema, tivemos a oportunidade de entrevistar o Dr. Guillaume Louvel, renomado Médico Radio-Oncologista atualmente atuante no Hospital Gustave Roussy.
O relato comum entre os pacientes que chegam ao consultório para uma avaliação médica são sintomas que aparecem na região dos seios, como exemplo, nódulo na região das mamas, gânglio nas axilas e também alterações na cor da pele na mama. Nos casos mais evoluídos podem surgir metástases na região do fígado, pulmão, ossos ou cérebro.
Exemplificando, o metástase são tumores secundários do tumor original, que vão para outras partes do corpo e formam novos tumores.
Com isso é importante que todas as mulheres a partir dos 50 anos procurem algum tipo de programa de detecção com mamografia a cada dois anos, para favorecer o diagnóstico precoce.
Se a paciente possui histórico familiar ou mutação genética deve-se procurar uma avaliação médica para realizar um percurso de exames individualizados de acordo com seu risco pessoal, por exemplo, a realização de ressonância magnética das mamas.
Os Fatores de riscos ao câncer de mama
Falta de atividade física: Praticar atividade física regular é importante para prevenir o câncer de mama. Além de ajudar a manter um peso saudável, os exercícios físicos também têm efeitos protetores contra o câncer.
Tratamento hormonal de reposição (THS): O uso prolongado de terapia hormonal de reposição, especialmente com estrogênio e progesterona, após a menopausa, aumenta o risco de câncer de mama. As mulheres devem discutir os riscos e benefícios da THS com seus médicos.
Obesidade: O excesso de peso corporal, principalmente após a menopausa, aumenta o risco de câncer de mama. A gordura corporal adicional pode levar a níveis mais elevados de estrogênio no organismo, contribuindo para o desenvolvimento do câncer de mama em algumas mulheres.
Mutação genética e histórico familiar: Mulheres com mutações genéticas hereditárias, como as mutações BRCA1 e BRCA2, têm um risco significativamente maior de câncer de mama. Além disso, mulheres com histórico familiar de câncer de mama em parentes de primeiro grau, como mãe, irmã ou filha, também têm um risco aumentado.
Consumo de bebidas alcoólicas e produtos industrializados: O consumo excessivo de álcool e dietas ricas em produtos industrializados e gordura saturada aumentam o risco de câncer de mama.
Como realizar o autoexame de câncer de mama
Quando for realizar o autoexame, recomenda-se fazer em frente ao espelho e observar:
- Alteração do tamanho da mama;
● Secreção no mamilo, caso não esteja amamentando;
● Coceira, ardência e mudança de cor na pele da mama;
● Aparência de celulite e mudança na textura da pele com surgimento de rugas.
● Caroço sensível ao toque na região dos seios ou nas axilas.
Caso haja alguma presença dos sintomas acima a paciente deve procurar, primeiramente, um clínico geral para uma melhor avaliação.
O uso da tecnologia para aprimoramento no tratamento
A Inteligência Artificial (IA) está revolucionando o setor de pesquisa no tratamento do câncer em vários níveis, ainda em fase de estudo e investigação. Dentre eles são:
Diagnóstico por imagem: Algoritmos de Machine Learning (ML) podem identificar padrões sutis e características indicativas de malignidade nas mamografias, tornando o processo de diagnóstico mais preciso e rápido. Isso é importante para detectar lesões em estágios iniciais, quando as chances de cura são maiores.
Diagnóstico patológico: Algoritmos sofisticados podem examinar amostras de tecido detalhadamente, identificando com precisão as características que determinam a natureza do tumor. Isso é crucial para orientar o plano de tratamento mais adequado para o paciente.
Tratamento personalizado: Durante o tratamento, a IA auxilia na determinação do volume e da dose de radiação necessária para tratar o câncer de forma eficaz. Essa personalização do tratamento com base nas características do tumor e na resposta do paciente ajuda a minimizar os efeitos colaterais e a melhorar os resultados.
Prognóstico e previsão de resposta: Com a análise de dados clínicos, genéticos e outros fatores, a IA pode fornecer informações valiosas que ajudam os médicos a adaptar o plano de tratamento de acordo com as necessidades individuais de cada paciente, aumentando as chances de sucesso.
Tendências no diagnóstico
O diagnóstico é um processo essencial para o tratamento de qualquer doença. Nos últimos anos, houve um grande avanço na tecnologia de diagnóstico, o que levou a um aumento na precisão e na eficiência dos testes.
Estudo de Marcadores Moleculares
Marcadores moleculares são substâncias encontradas no sangue (biópsia líquida) ou tecido do tumor (marcadores tumorais). Eles ajudam a identificar pessoas com maior risco de desenvolver certas doenças.
Pesquisas, como da Universidade Federal de Uberlândia, estão sendo feitas sobre marcadores moleculares para câncer de mama. Os cientistas estão estudando marcadores que podem identificar pessoas com maior risco de desenvolver câncer de mama, bem como marcadores que podem identificar o tipo de câncer e o prognóstico do paciente.
Acesso ao diagnóstico e tratamento no Brasil
No Brasil, o acesso ao diagnóstico e tratamento do câncer de mama é uma preocupação fundamental para a saúde pública. Neste contexto, é importante destacar a relevância do Sistema Único de Saúde (SUS), que desempenha um papel crucial na oferta de serviços de saúde à população brasileira.
Mamografias Gratuitas pelo SUS
Uma das iniciativas mais significativas do SUS é a oferta de mamografias gratuitas para mulheres de 50 a 69 anos. Esse é um esforço importante no combate ao câncer de mama, pois a mamografia é uma das ferramentas mais eficazes para a detecção precoce da doença. De acordo com as diretrizes do Ministério da Saúde, as mulheres nessa faixa etária têm o direito de realizar a mamografia a cada dois anos, como parte do rastreamento do câncer de mama.
Como Acessar os Serviços de Mamografia Gratuitos:
As mulheres interessadas em realizar a mamografia pelo SUS podem procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de sua residência. O médico ou enfermeiro da UBS pode orientá-las sobre como agendar o exame e fornecer informações sobre a unidade de saúde ou hospital onde as mamografias são realizadas.
Como Obter Avaliação Médica Personalizada:
As mulheres com histórico familiar de câncer de mama devem discutir essa informação com seu médico de família ou ginecologista. Com base no histórico familiar e em outros fatores de risco individuais, o médico pode recomendar exames de rastreamento mais frequentes, como mamografias mais cedo ou a inclusão de exames genéticos para identificar possíveis mutações genéticas hereditárias. Esse acompanhamento médico personalizado é crucial para garantir a detecção precoce e um plano de tratamento adequado, se necessário.
Em resumo, o Brasil oferece serviços importantes de mamografia pelo SUS, garantindo o acesso ao diagnóstico precoce para muitas mulheres. Além disso, a busca por avaliação médica personalizada, especialmente para aquelas com histórico familiar de câncer de mama, é fundamental para a prevenção e tratamento bem-sucedido da doença. A conscientização sobre essas opções de acesso ao diagnóstico e tratamento é vital para combater o câncer de mama no Brasil.
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